Seminrio Internacional Povos Indgenas em Isolamento

 

    O Seminário Internacional "Povos indígenas em Isolamento Voluntário: repensando as abordagens antropológicas", a ser realizado em 24 e 25 de setembro de 2018, no Museu Nacional, convida pesquisadores interessados a enviar resumos de seus trabalhos (600 palavras) e uma breve biografia profissional (100 palavras) até o dia 15 de junho 2018. O evento é organizado pela Profª. Drª. Luísa Elvira Belaunde (Laboratório Anaconda/PPGAS-Museu Nacional/UFRJ), por Minna Opas (Universidad de Turku, Finlândia) e por Luis Felipe Torres (Doutorando do PPGAS-Museu Nacional/UFRJ).

 

    Resumos e biografias devem ser enviados até 15 de junho de 2018 para: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. / Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

    Leia abaixo a chamada divulgada pelos organizadores:

 

    "Os povos amazônicos denominados em "isolamento voluntário" encontram-se numa situação de extrema vulnerabilidade face à invasão dos seus territórios e à propagação de doenças contras as quais não possuem defesas imunológicas. As normativas e ações de proteção dos governos dos países amazônicos incrementaram-se nas últimas décadas, mas o avanço das atividades legais e ilegais das indústrias extrativas, grandes projetos, o agronegócio e o narcotráfico, segue com passos ainda mais acelerados. Neste contexto, as ambivalências dos governos sul-americanos no que diz respeito à priorização dos direitos indígenas sobre a exploração econômica, adicionadas aos grandes vazios de conhecimento etnográfico sobre esses povos e à limitada capacidade do Estado de resguardar seus territórios, têm mantido em xeque a implementação de políticas de proteção adequadas. Atualmente, o número crescente de relatórios sobre enfrentamentos com populações locais, migrações fora do território tradicional e encadeamentos de processos de contato, configuram um quadro incerto e preocupante para a sobrevivência desses povos.

 

    Face ao cenário atual, este seminário convida os participantes a pensar o papel da antropologia para compreender as complexas transformações em curso nas fronteiras da colonização. Em particular, o objetivo é refletir sobre uma contradição inerente ao trabalho antropológico com povos em isolamento voluntário. Considerados especialistas pelas instituições estatais e civis que procuram estratégias para a defesa dos povos indígenas isolados, os antropólogos se topam com o difícil desafio de produzir um aporte intelectual sobre o tema sem poder utilizar a sua metodologia etnográfica predileta: a observação participante.

 

    Neste seminário, propomos refletir sobre os vieses que essa limitação metodológica gera na abordagem desenvolvida pelos antropólogos e na própria formulação da noção de isolamento, que aparece em contraposição à ideia de contato, formando dois polos opostos, mas inseparáveis, de um gradiente de relações de distância concebido a partir do Estado. Sugerimos que a ênfase nas noções de isolamento/contato possa estar ofuscando as perspectivas indígenas, segundo as quais provavelmente não existe um só vetor binário de diferenciação entre isolados e contatados, mas um emaranhado de conexões que percorrem os seus movimentos, suas espacialidades e temporalidades."

 

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